Um (pequeno) ensaio sobre o infinito

09-10-2019

Desde pequenos é-nos dada uma definição de infinito muito perentória: "Infinito é o que não tem fim". Mas o que significa, afinal, não ter fim, não acabar? Somos realmente capazes de imaginar algo que não acabe?

Mais tarde, quando nos é introduzida a noção de sistemas, aprendemos que um sistema tem uma fronteira, que é o que o delimita, ou seja, o que o separa da sua vizinhança (o que o rodeia, o que é exterior a si). Então, se nos dizem que o universo é infinito, isso significa que não tem limites, não tem uma fronteira, não há nada para além de si? Apesar de estar ciente das minhas capacidades intelectuais e até mesmo criativas, não consigo entender a definição de infinito; não sou capaz de me imaginar a vaguear no infinito sem fim sem chegar a algum lado, a um limite, a uma fronteira. Admito que é bonito imaginar algo que nunca acabe - como é bonito imaginar um amor para a vida - ,mas é pouco real, pouco preciso, pouco científico, na minha opinião. O que se torna em algo ambíguo e diria mesmo contraditório: se a ciência definiu a infinidade do universo como posso eu dizer que acho pouco científico este conceito?

Deparando-me com este dilema, para mim, mais filosófico que propriamente científico, decidi encontrar uma realidade à qual me pudesse comparar minimamente. Será a razão para não conseguir imaginar o infinito a falta de visualização? Imaginemos, então, um pequeno peixe (ou uma outra criatura marinha) - insignificante ou irrelevante - que viva na imensidão de um oceano. Essa criatura, tão viva quanto nós, apesar de desprovida da razão, talvez imagine as suas águas infinitas, pois nunca pôde ver os seus limites, ou seja, se não os vê, não considera a sua existência nem nada mais para além desta, logo considera-o infinito da sua pequena perspetiva.

Conforta-me - e assusta-me - pensar que nós somos esse pequeno peixe e o Universo o nosso mar porque, assim como o peixe, somos ignorantes àquilo que não vemos. Por outro lado, a fé e o amor não são isso mesmo? Acreditar sem ver? Sentir sem provas vivas? Confiar no destino de olhos fechados? Mais uma vez, é bonito - filosófico até - pensar assim, mas a ciência não nega a existência do destino?

Apenas posso concluir que a infinidade só me diz respeito a nível da mente, a nível do nosso interior: com um corpo delimitado pela pele (a sua fronteira) e com um universo imenso à sua volta (a sua vizinhança), a nossa capacidade de perceção ultrapassa a nossa própria perceção. Parece que a chave da infinidade é apenas acreditar e deixar a nossa mente e o nosso espírito trabalharem no infinito que é o conhecimento. 

Lorena. Sim, Lorena. - Blog pessoal
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